terça-feira, 5 de março de 2013

O “último” gargalo (parte 1)

Hoje irei postar um artigo de um grande amigo meu. Adorei a parceria, ela é muito bem vinda!!

Por Flavio Sampaio


Acompanhamos nos últimos anos uma evolução muito rápida, e um barateamento na mesma velocidade, dos dispositivos usados para montar a base de um computador. Processadores mais velozes e memórias com maior capacidade tornaram-se mais baratas e comuns nos computadores do nosso dia a dia. O que era privilégio de engenheiros anos atrás, em função dos pesados programas que utilizavam, hoje está ao alcance de todos. Mas um item da configuração dos computadores não caminhou no sentido do desempenho (apenas evoluiu quanto a sua capacidade): o disco rígido (HD).

Discos rígidos da ordem dos TeraBytes (TB) tornaram-se comuns no mercado, a custos bastante acessíveis (no momento em que escrevo este artigo, HDs de 1 TB custam aproximadamente R$ 200,00). Entretanto, o funcionamento destes dispositivos não mudou. Continuaram sendo discos magnéticos, acionados por motores: um para os discos e outro para movimentar um conjunto de braços mecânicos com cabeças de leitura e gravação, trabalhando no acesso e gravação de dados. Toda essa movimentação de peças nos HDs causa um baixo desempenho e um consumo de energia significativo. O consumo pode parecer menos importante em um desktop, mas não em um Notebook.

Vale comentarmos aqui que os computadores, mesmo aqueles com cerca de 10 anos, já possuem tecnologias de conexão (barramentos) muito mais velozes do que esses discos são capazes de atender. Quando a primeira especificação do padrão S-ATA (serial) foi disponibilizada, em fevereiro de 2003, ela já alcançava taxas de transferência de dados (do HD para a memória RAM, para ser possível manipular os dados) da ordem de 150 MB/s (MegaBytes por segundo). Em termos de barramento, comparado aos 133 MB/s do padrão P-ATA (paralelo), o S-ATA já nascia predestinado a soterrar o antigo padrão. Ficaria pendente uma tecnologia melhor de discos, uma vez que um disco rígido tradicional, operando na absurda velocidade de 10 mil RPMs (rotações por minuto), sustentaria taxas de transmissão muito baixas, da ordem de 15 MB/s.


Pensando em uma nova tecnologia para armazenamento secundário no computador, surgiram os SSDs (Solid-State Drives ou Dispositivos de Estado Sólido), que são dispositivos compostos por chips de memória não volátil, eliminando toda a mecânica que travava o aumento de desempenho dos HDs tradicionais. Como os SSDs não tem discos, não é correto traduzir a sigla como Disco de Estado Sólido, e daqui até o final do artigo terei o cuidado de diferenciar os SSDs dos HDs nessa característica.

Para facilitar a compreensão, imagine um pen drive. Ele também não tem mecânica, armazena e mantém os dados independente de alimentação elétrica. Agora imagine um pen drive com muito espaço, usado como unidade principal de armazenamento do seu computador, onde você possa armazenar seu sistema operacional e seus aplicativos, ligado a uma interface muito veloz (o S-ATA, hoje na sua especificação 3, sustenta taxas de transmissão de 600 MB/s). Basicamente é essa a grande “sacada” dos SSDs.

E o quê eu ganho, além de desempenho? Vamos discutir outras diferenças. Um SSD, por não possuir partes mecânicas, não está tão sujeito a um dano por movimentação do computador durante o acesso quanto um HD. Isto não quer dizer que possamos iniciar a reprodução de um vídeo no notebook e jogá-lo na cama, não é isso! Mas as chances de uma perda de dados ou dano do dispositivo em uma situação banal, como uma freada mais forte do carro enquanto acessamos dados, é muito maior em um HD do que em um SSD.


A ausência de mecânica contribui também para reduzir o consumo de energia. Sem motores para movimentar discos e braços, o consumo cai a menos da metade em média, se comparado aos HDs. Some-se a isso o fato de que, sem processos mecânicos, reduz-se a geração de calor, reduzindo também a necessidade de ventiladores para regular a temperatura do sistema como um todo. Pude verificar ganho de autonomia de bateria próximo de 50% na simples troca do HD pelo SSD.

(continua...)

3 comentários:

  1. Oi, Andy.
    É um prazer revê-la de volta, e ainda por cima em grande estilho (adorei a postagem).
    A propósito, a sigla SSD remete a SOLID STATE DRIVE ou Drive (e não disco) de estado sólido.
    Beijos.

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    Respostas
    1. Oi Fê!
      Que bom que gostou! Este post foi fruto de uma bela colaboração do meu amigo Flavio Sampaio. Como ele mesmo disse, este é "um artigo que escrevemos a 4 mãos".

      Quanto ao significado do SSD, escrevemos a tradução correta (Solid-State Drives ou Dispositivos de Estado Sólido). Estávamos apenas nos referindo a algumas fontes, que citam esta tradução incorretamente como "disco".

      Bjs!

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  2. Legal, bom artigo.
    Se eu quiser trocar meu HD de 160 GB por um SSD, qual SSD vcs indicam?
    Posso colocar o SSD como disco secundário copiar tudo do HD para o SSD e depois retirar o HD sem nenhum problema?
    Flávio.

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Bjs,
Andy